A União Europeia (UE) abriu uma investigação para avaliar se a Amazon aproveita do seu papel duplo como varejista online e fabricante de produtos para favorecer seu próprio negócio. Segundo a UE, reguladores irão examinar acordos entre a companhia norte-americana e seu vendedores, que poderiam permitir que a Amazon analisasse dados da concorrência.

Nesta quarta-feira (17), Margrethe Vestager, principal executiva de concorrência da União Europeia, disse que, como os consumidores estão cada vez mais comprando online, o comércio eletrônico impulsionou a concorrência e trouxe mais opções e melhores preços. “Precisamos garantir que grandes plataformas on-line não eliminem esses benefícios por meio de comportamento anti-competitivo”, disse ela.

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Em setembro, Margrethe lançou uma investigação preliminar para descobrir se o “papel duplo” da Amazon, tanto varejista quanto comercial, lhe dá poder demais. Ela disse que sua preocupação é que a Amazon possa usar dados de seus concorrentes – ou seja, comerciantes que vendem em sua plataforma online – para superar a concorrência.

“A questão aqui é sobre os dados”, disse ela na época. “Se você, como Amazon, obtiver os dados dos comerciantes menores que hospeda – o que obviamente pode ser totalmente legítimo porque você pode melhorar seu serviço para esses comerciantes menores -, você também usa esses dados para fazer seus próprios cálculos sobre as próximas tendências? O que é que as pessoas querem?”.

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A Amazon disse que cooperaria com qualquer investigação sobre o assunto e que “continuará trabalhando duro para apoiar empresas de todos os tamanhos e ajudá-las a crescer”.

Em 2018, Margrethe aplicou uma multa antitruste de US$ 5 bilhões ao Google e exigiu que a empresa alterasse suas práticas de funções de pesquisa e de navegador da Web em telefones Android. Em março, a União Europeia multou o Google por técnicas antitruste em cerca de US$ 1,7 bilhão devido a práticas de publicidade ilegais. 

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Até mesmo quando olhamos para o histórico de acusações contra a Amazon, podemos encontrar vários processos relacionados a questões antitruste. Em 2017, um longo ensaio publicado no Yale Law Journal pela então estudante de direito Lina M. Khan argumentou que a lei antitruste norte-americana não é mais adequada para enfrentar a Amazon. Além disso, campanhas políticas prometem regulamentar essas gigantes tecnológicas ou acabar com elas, como é o caso da senadora Elizabeth Warren.

Por enquanto tudo não passa de especulações. A investigação da UE poderia levar a acusações mais formais ou ordens para que a Amazon mude seu modelo de negócios ou pode ser simplesmente abandonada.

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Fonte: The Washington Post