Astrônomos usando o telescópio espacial Hubble divulgaram nesta semana a primeira foto da estrela mais distante já vista pela ciência. O nome oficial dela é MACS J1149+2223 Lensed Star 1, mas você pode chamá-la de Ícaro. Clique aqui para ver a imagem em alta resolução.

O apelido é a uma referência ao personagem alado da mitologia grega que perdeu suas asas após voar muito perto do Sol. A estrela Ícaro está localizada a 9 bilhões de anos-luz da Terra, o que significa que a imagem que o Hubble capturou mostra o brilho que a estrela emitia 9 bilhões de anos atrás, muito antes da formação do nosso planeta.

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Ícaro é uma supergigante azul, muito maior, mais densa, quente e brilhante que o nosso Sol. Para capturar essa imagem inédita, pesquisadores do Instituto de Física de Cantabria, na Espanha, e da Universidade da Carolina do Sul, nos Estados Unidos, usaram um fenômeno natural que funciona como uma “lupa cósmica” para as lentes do Hubble.

O fenômeno é chamado de lente gravitacional. Resumidamente, a gravidade acumulada de uma aglomeração de galáxias faz com que a luz seja dobrada pelo tecido do espaço-tempo. Assim, a luz que vem da estrela Ícaro é amplificada, como se fosse vista por uma lupa, até chegar aos sensores do telescópio terráqueo.

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Um grupo de galáxias registrado como MACS J1149+2223 foi a lupa cósmica usada pelos cientistas para observar Ícaro. O aglomerado está a 5 bilhões de anos-luz da Terra e se posicionou exatamente entre nós e a estrela para fazer com que sua luz chegasse até o Hubble. Sem isso, seria impossível fotografar um astro tão distante.

Esta é a primeira vez que o efeito de lente gravitacional é usado para observar uma estrela invidivualmente. A conquista abre portas para que astrônomos possam estudar mais estrelas distantes de forma detalhada, a partir de outras imagens registradas de outros cantos do universo.

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No entanto, fotos como a de Ícaro podem demorar para serem registradas novamente. O telescópio Hubble, que também encontrou mais de 4.500 planetas fora do Sistema Solar em quase dez anos de história, deve ficar sem combustível nos próximos meses, quando perderá contato com a Terra e continuará vagando pelo espaço sem uma rota definida.

A Nasa informa que já tem um novo telescópio preparado para tomar o lugar do Kepler. Ele se chama Tess (sigla em inglês para “Satélite de Monitoramento de Exoplanetas em Trânsito”) e será lançado em 16 de abril, continuando a missão de catalogar novos mundos espalhados pelo cosmo.

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Além dele, a Nasa prepara o lançamento do telescópio James Webb, maior e mais potente que o Hubble. No entanto, o seu lançamento foi recentemente adiado para maio de 2020 por conta de problemas técnicos no sistema de propulsão. A previsão inicial era de que ele seria lançado no segundo semestre de 2019.