O Facebook comprou o WhatsApp em 2014 por US$ 19 bilhões, ano em que a receita total da empresa chegou a menos do que isso, US$ 12 bilhões. Na época, o aplicativo tinha 500 milhões de usuários no mundo todo e um modelo de negócios pouco sustentável.

Quatro anos depois, o WhatsApp já tem 1,5 bilhão de usuários e cresce sem parar. Mas ainda não é lucrativo. Durante os últimos anos, o conglomerado de Mark Zuckerberg vem tentando mudar isto. A mais nova aposta é, justamente, no modelo de propaganda que fez o Facebook se tornar uma das empresas mais valiosas (e Zuckerberg um dos mais ricos) do mundo.

Em breve, o WhatsApp vai passar a exibir anúncios, a começar pelo app para iOS. As propagandas vão aparecer entre os Status, aquele feed de fotos e vídeos de tela cheia que desaparecem após 24 horas. O recurso foi copiado do Snapchat em 2017 e hoje já tem mais de 450 milhões de usuários por dia – mais até que os Stories do Instagram.

Nem todo mundo gostou da novidade, mas a verdade é que o Facebook precisa ganhar dinheiro com o WhatsApp. Quatro anos após gastar US$ 19 bilhões com um app que não traz qualquer lucro, apenas despesa, para o conglomerado, não é algo fácil de explicar para investidores e acionistas.

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Antes de ser comprado pelo Facebook, o WhatsApp apostava num modelo de negócios… falho, para dizer o mínimo. O aplicativo cobrava US$ 1 por ano, mas quase ninguém chegou a pagar esta assinatura. É como o período de testes gratuito do WinRAR que nunca acaba.

Desde 2016, o WhatsApp abandonou a cobrança virtual de US$ 1 por ano. Numa recente entrevista à Forbes, o cofundador do aplicativo, Brian Acton, revelou que ele insistiu para que o Facebook mantivesse o modelo de cobrança em vez de apostar em anúncios. A resposta que ele teve da matriz foi de que a assinatura “não era escalonável”.

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Nos últimos anos, o Facebook começou a testar versões pagas do WhatsApp e da sua tecnologia, só que para empresas. Em janeiro deste ano, a empresa lançou o WhatsApp Business, uma ferramenta que permite que marcas entrem em contato com clientes pelo aplicativo de forma segura e com direito a selo de autenticidade.

Para pequenas empresas e comércios menores, o WhatsApp Business é de graça. Para empresas maiores, o Facebook oferece, desde agosto, um recurso pago que é a API do aplicativo. Com ela, é possível que corporações respondam clientes com mais eficiência e adicionem recursos diferentes à experiência com o app.

Tudo isso é novidade e é cedo para dizer se vai funcionar. Os anúncios só devem estrear para valer em 2019 e, dependendo de como os usuários reagirem, a plataforma pode sofrer mudanças. Além disso, os recursos pagos do WhatsApp Business são recentes e os números de receita ainda não foram divulgados.

Brian Acton revelou que, pelos últimos quatro anos, foi pessoalmente responsável por resistir ao assédio de anunciantes em cima do WhatsApp. O Facebook foi comendo pelas beiradas, compartilhando dados do aplicativo com a rede social para server propagandas direcionadas no feed de notícias, mas isto se provou pouco eficiente.

Com Acton fora, o caminho está livre para o WhatsApp ser monetizado da forma que Zuckerberg quiser. E se o Facebook não conseguir ganhar dinheiro com o app de mensagens mais usado do mundo, valerá a pena reavaliar a decisão de gastar US$ 19 bilhões com ele. Não seria a primeira vez que um negócio bilionário da tecnologia se prova um desperdício de dinheiro.

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