A Huawei decidiu voltar ao Brasil após ter uma primeira passagem bem discreta em nosso país. E para o seu retorno, a empresa está adotando a estratégia de trazer os seus aparelhos mais famosos, que fazem parte da linha P e prometem competir com os principais celulares top de linha da Samsung e da Apple.

O Olhar Digital esteve presente no evento da Huawei para o lançamento do P30 Pro em Paris e obteve uma de suas unidades para testes. A seguir, veja a nossa análise para saber todos os prós e contras do mais novo top de linha da fabricante chinesa.

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Design e tela

Logo ao tirar o Huawei P30 Pro de sua caixa, o seu design já chama atenção por conta dos detalhes mínimos que ele apresenta. Diferente de alguns aparelhos onde os botões ficam em foco, em sua frente, por exemplo, você quase não nota a sua câmera, que fica com um notch no formato gota. Este notch, por sua vez, é interessante, uma vez que ele é quase imperceptível com o aparelho desligado, além do próprio sistema trazer uma opção para ocultá-lo.

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Já a parte traseira do aparelho é toda em vidro, mas aqui os detalhes acabam se sobressaindo devido as suas câmeras traseiras, que trazem uma certa elegância protuberante (bonito o termo, né?) e chamam a atenção. Mesmo sendo assim bonito, o Olhar Digital teve o acesso a uma unidade do aparelho na cor preta para testes e, infelizmente, nesse tom, o aparelho apresenta muitas marcas de dedos, que o deixam com uma aparência suja. Para amenizar este problema, a Huawei até inclui na caixa do aparelho uma capinha de silicone, mas que, é claro, tira um pouco do charme do P30 Pro.

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O display do aparelho utiliza a tecnologia OLED, tendo 6,47 polegadas, resolução de 2340 x 1080 pixels, proporção 19:5:9 e conta com bordas mínimas e arredondadas, parecidas com que a Samsung fez com os aparelhos Edge. Este design, por sua vez, mostra um acerto da Huawei, que conseguiu aproveitar bem o espaço frontal. Outra tendência que é seguida no Huawei P30 Pro fica por seu leitor de digitais integrado a tela, o chamado sensor ultrassônico.

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Um dos poucos contras na questão de design do aparelho fica para o seu peso, que fica em torno de 190 gramas, sendo notado logo ao segurá-lo na mão. Como proteção, o smartphone conta com a certificação IP68, que o deixa resistente a água e a poeira. Além deste detalhe, vale lembrar que o aparelho não conta com a tradicional entrada P2 para fones de ouvido e sequer vem com um adaptador deste formato para o USB C, o padrão utilizado pelo aparelho para carregamento e conectar dispositivos.

É possível dizer que a Huawei acertou bem na questão visual do aparelho. Entretanto, é um pouco complicado usá-lo com apenas uma mão devido ao seu tamanho, apesar de ele contar uma opção para isto, que, na verdade, apenas deixa a sua tela com um tamanho menor, perdendo um bom espaço, que ainda poderia ser aproveitado de outra forma.

Apesar deste problema para usá-lo com uma mão, é preciso dizer que, na horizontal, o tamanho do aparelho, que é bem alto, não atrapalha. Além disto, mesmo tendo seu acabamento praticamente em vidro, o P30 Pro não escorrega facilmente das mãos. 

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Entretanto, algo que pode incomodar algumas pessoas fica para o botão do Power, que também é responsável por chamar o Google Assistente. Diferente do que outras fabricantes têm adotado como padrão, a Huawei decidiu colocar as duas funções neste mesmo botão. Então, por exemplo, ao segurar o botão do Power para desligar o celular, você sempre verá o Google Assistente sendo aberto antes da tela com as opções de energia. O sistema até tem uma opção para mudar isto, mas que na prática só ameniza o problema e não o elimina por completo.

Em respeito à qualidade da imagem da tela, não tenho reclamações. Usando um painel curve AMOLED, as suas cores, por exemplo, são bem vivas, logo na configuração padrão. A sua resolução, é verdade, é ligeiramente menor do que os aparelhos tops de linhas de outras marcas, mas esse é um detalhe praticamente imperceptível, que não deve ser notado em um uso diário.

Desempenho e bateria

Diferente do que ocorre com a maioria das marcas, principalmente no meio Android, a Huawei utiliza em seu aparelho um processador próprio, o HiSilicon Kirin 980. Ele é um processador Octa-core, ou seja, com 8 núcleos e clocks com velocidades entre 1.8 a 2.6 GHz. Além dele, o P30 Pro também conta com a GPU Mali G76 MP10. Já as opções de espaço de armazenamento variam entre 128/256/512 GB e 6 ou 8GB de memória RAM.

Caso você esteja interessado na parte mais técnica, em testes realizados pelo Olhar Digital com o modelo de 256 GB de espaço e 8 GB de memória RAM, o Huawei P30 Pro atingiu a pontuação de 291147, um número que não impressiona e nem é alto. No entanto, a conclusão que chegamos é que esse resultado BEM estranho diz mais sobre o programa usado para testes (AnTuTu) do que sobre a performance do smartphone. Isso porque ele não reflete o desempenho do aparelho no dia-a-dia, que surpreende, e muito, com sua velocidade para realizar qualquer tarefa.

Para se ter uma ideia, o tempo entre ligar o aparelho e já estar dentro do sistema não chega a 30 segundos. Essa mesma velocidade se demonstra dentro do sistema também, onde qualquer transição ocorre de forma bem fluída e nenhum engasgo ocorre, algo esperado em um aparelho top de linha.
A execução de programas de modo normal ou em multitarefa se demonstraram bem eficazes, onde os programas carregavam de forma extremamente rápida, mesmo ao comparar a velocidade dele com outros celulares top como o Galaxy S10 +, por exemplo.

Em testes com jogos pesados como o Asphalt 9 e Fortnite, por exemplo, os tempos de abertura e de carregamentos de telas eram mínimos. Já a taxa de quadros deles sempre se manteve constante, mesmo com as configurações definidas para a melhor qualidade gráfica.

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O único ponto em que o celular apresenta um pouco de lentidão fica na hora de usar o zoom máximo da câmera, ou seja, quando o zoom digital do aparelho está em seu limite. Mas, essa lentidão também não é apenas culpa do processador, já que ele também depende de outros recursos de hardware nesta hora.

Outra parte positiva ainda em relação a estabilidade do Huawei P30 Pro também fica para fato de que o celular dificilmente acaba esquentando. Mesmo ao rodar jogos pesados ou ao utilizar as suas câmeras e todos os seus recursos mais exigentes, o aparelho aquece muito pouco.

O Huawei P30 Pro conta com uma generosa bateria de 4.200 mAh e o seu sistema se demonstra completamente otimizado para ela. Mesmo ao usar o aparelho para jogos, streaming de vídeos e outras atividades, no final do segundo dia eu ainda tinha um pouco menos de 30% de carga restante. Além disto, outra coisa que impressiona é o seu carregamento rápido, que consegue dar uma carga de 70% em 30 minutos. Este número já havia sido divulgado antes e o Olhar Digital comprovou em testes que a sua carga é realmente rápida.

Por fim, no que diz respeito a parte mais técnica do aparelho, é preciso dizer que ele não tem o suporte para cartões microSD. Ainda assim, o seu armazenamento é expansível, mas depende de um cartão NM, que é fabricado pela própria Huawei, ou seja, um padrão proprietário. Ainda não existem informações se este cartão também chegará ao Brasil, mas, de todo jeito, o processo não será tão simples quanto achar um cartão microSD.

Câmera

O grande destaque do Huawei P30 Pro fica para as suas câmeras, que carregam a fama da marca de investir na melhor experiência possível neste quesito. Para este smartphone – desenvolvido em parceria com a lendária fabricante alemã de câmeras Leica – a Huawei conta com três câmeras traseiras, sendo uma wide de 40 megapixels e abertura de f/1.6; uma ultrawide de 20 megapixels com abertura de f/2.2 e a última, uma teleobjetiva de 8 megapixels com abertura de f/3.4. Além delas, ele ainda conta com um sensor Time of FLight (TOF), que serve para detectar informações de profundidades.

Os resultados obtidos a partir destas três câmeras, mais o sensor, acabam sendo incríveis. A empresa, em seus anúncios, chamou a atenção para o zoom e, realmente, ele acaba entregando o que promete. Mesmo a distâncias muito grandes, você ainda consegue pegar diversos detalhes, já que o seu zoom funciona da seguinte forma:

  • Até 5 vezes –   Zoom óptico;
  • Até 10 vezes – Zoom híbrido;
  • Até 50 vezes – Zoom digital.

Para se ter uma ideia melhor do que eles conseguem oferecer, veja a imagem abaixo com um zoom tirada em um mesmo local. É claro, que ao colocar o zoom em 50 vezes, o resultado não acaba sendo tão nítido, mas dependendo do que você deseja capturar, ele cumpre bem o seu papel, como o logo do Olhar Digital. Este zoom, aliás, muitas vezes não pode ser obtido em alguns equipamentos profissionais. Por sua vez, quando se trata de vídeos, o zoom é até apenas 15 vezes, mas ele também mantém uma boa qualidade.

                                                                  Sem zoom

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Zoom de 10x
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Zoom de 50 vezes
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Outro ponto ainda relacionado ao zoom do aparelho, é do cuidado na hora do manuseio dele. Quando você o utiliza em até 20 níveis, o controle dele ocorre de forma bem fácil. Porém, ao sair desta margem, o controle se torna um pouco difícil. O tempo de resposta na tela em relação ao mexer no celular demonstra muitos atrasos, o que dificulta o foco para algo. Assim, caso vá utilizar o zoom do P30 Pro ao máximo, o uso de um tripé, mesmo que simples, se torna essencial.

Mais um destaque no Huawei P30 Pro também fica para o seu modo noturno, que, é claro, é a melhor opção para tirar fotos à noite. Diferente do que ocorre para quando ele está configurado para o modo normal, o aparelho consegue manter a fidelidade das cores sem distorcer a imagem.

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Outro belo destaque no sistema de câmeras do P30 Pro é o seu recurso de Inteligência Artificial. Ele pode ser acionado a partir de um botão, que traz a sigla “IA” na parte superior do aplicativo da câmera e funciona muito bem, com o aprendizado de máquina (machine learning) se desenvolvendo conforme o uso. Por exemplo, se você está no modo Automático e vai fotografar um jardim, a AI da câmera rapidamente altera o modo para “Vegetação”. Ou se você começa a fotografar uma série de rostos, ela aciona o modo Retrato automaticamente. E em ambientes de pouca luz, o modo Noturno é ativado sem que você precise apertar nada.

Em outras palavras, a AI do app da câmera é responsável por tentar adivinhar a situação em que você está para fazer ajustes automáticos. Apesar dela funcionar bem na maior parte do tempo, esta inteligência artificial ainda está sujeita a erros, principalmente quando você está em um local onde existe mais de um elemento e ela fica alternando diversos modos sozinha, o que pode atrapalhar um pouco.

O software utilizado na câmera funciona bem na maior parte do tempo. Porém, fica nítida a necessidade de alguns ajustes. Uma dificuldade, que não deveria acontecer, por exemplo, foi para utilizar o modo retrato, que foca uma pessoa ou objeto, enquanto o fundo fica desfocado. Utilizando a câmera traseira do aparelho, até foi possível conseguir o efeito, apesar dele não ser tão eficaz. Já na câmera frontal, a função não funcionava, apesar estar selecionada e com uma explicação de seu funcionamento. Mais um detalhe, só que menor, também fica para o posicionamento dos botões da câmera: ao alterar o celular entre a posição de retrato e paisagem, parece que nem todos os elementos acompanham a mudança corretamente, então, você acabará ativando uma função, que não era para ser utilizada. Mas acreditamos que isso possa ser corrigido em algumas atualizações que a Huawei pode liberar posteriormente.

Outro ponto ainda em relação ao sistema da câmera é que ele traz diversos métodos de captura diferentes, assim como ocorre na maioria dos aparelhos, tendo como destaque as suas funções de supermacro, filtros e o modo profissional. Este último, é claro, é o que se sobressai, uma vez que ele lhe deixa no controle total do seu conjunto de câmeras e recursos, com opções quase infinitas para incrementar as suas fotos. Inclusive, com ele, é possível obter resultados, que apenas câmeras profissionais são capazes de reproduzir, como este efeito abaixo, onde o seu obturador fica restrito, conseguindo capturar feixes de luz.

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Já para a parte frontal, o aparelho conta com apenas uma câmera wide de 32 megapixels e abertura de f/2.0. Apesar deste detalhe técnico de ter apenas uma câmera, ela consegue ainda oferecer bons recursos para as fotos selfie, mesmo no escuro.

E se o seu interesse na câmera é para gravar vídeos, aqui você também estará bem servido. O aparelho consegue fazer capturas na resolução UHD 4k e já conta com suporte ao codec H265, que além de conseguir economizar em espaço, oferece uma boa qualidade de imagem. Mais um recurso que também está presente é o modo de supercâmera lenta, que, dependendo da situação, consegue efeitos incríveis.

 

Software

A Huawei opta por implementar em seus aparelhos o sistema EMUI, que na verdade é um Android modificado com alguns recursos extras. Aqui, a versão base do sistema é o Android 9.0 (Pie).
O sistema da EMUI, apesar de levar este nome próprio, é bem similar ao Android, mas trazendo  soluções implantadas pela fabricante. No começo, você pode até acabar um pouco perdido, pois, em cada item do menu de configurações do aparelho, algum recurso extra estará presente e que não é nativo do Android.

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Muitos recursos acabam sendo bastante úteis, como a opção de clonar o WhatsApp e o Facebook para usá-los com mais de uma conta, um espaço privado onde você instala aplicativos que ficam apenas nele e não vão para a sua interface inicial ou até mesmo um cofre de fotos. Apesar das funções serem bem úteis, as vezes elas acabam confundindo o usuário por estarem espalhadas em todas as partes do software. Ainda com todos os recursos extras funcionando bem, é preciso ressaltar que o sistema do aparelho não está completamente livre de bugs. Por exemplo, a bateria, que por diversas vezes resolveu apresentar uma estimativa errada de carga.

Mesmo possuindo este monte de funções extras, o sistema da Huawei é compatível com praticamente qualquer aplicativo Android. Inclusive, funções que entraram na última versão do sistema como o Bem Estar Digital, também aparecem por aqui.

Apps pré-instalados e recursos extras

Infelizmente, o Huawei P30 Pro vem com alguns aplicativos pré-instalados que, em grande parte, não são úteis. Apesar deste contra, é preciso dizer que a maioria destes programas podem ser desinstalados diretamente nas configurações do aparelho, com exceção, é claro, daqueles que realmente fazem parte dos serviços do sistema.

Assim como outras fabricantes, a Huawei também opta por incluir uma loja própria de aplicativos e outra de temas, que são até bem completas. Mas, ela mostra que ainda não otimizou esta parte para outros países, uma vez que você vê alguns jogos com a descrição em chinês, além de pequenos anúncios. De qualquer forma, isso é algo que deve ser resolvido muito em breve, quando a versão final do sistema tomar forma para outros mercados.

Mesmo optando por incluir uma loja e apps próprios, a Huawei também mantém toda a suíte do Google, além da Play Store, claro. Ou seja, você não terá dificuldades de encontrar tudo o que precisa. Outra adição até que bem-vinda é que o teclado padrão da Huawei é o Swiftkey. Assim, você já sabe que terá muitos recursos no teclado virtual padrão do aparelho.

Seguindo a tendência de outras marcas, a Huawei também apostou em colocar o leitor de digitais integrado em seu display, o já famoso sensor ultrassônico. Ele até funciona bem, mas vale uma ressalva: se você apenas encostar o dedo nele, dificilmente a digital será reconhecida. Diferente de outros aparelhos que testamos seguindo os mesmos moldes (como o S10 Plus), este leitor de digitais foi um dos menos eficazes neste sentido. Já o seu leitor facial funciona bem, mas não possui um dos melhores tempos de resposta.

Mais um recurso novo e que marca presença no Huawei é o carregamento reverso, ou seja ele também funciona como uma espécie de bateria auxiliar (ou Powerbank, se preferir). Através dele, smartphones e acessórios (fones, smartwatches, etc) que possuem suporte ao carregamento por indução, podem ser carregados ao encostarem na parte traseira do celular.

Conclusão

O Huawei P30 Pro foi um dos aparelhos que mais me impressionou em 2019, mesmo depois de ter testados outro smartphones top de linha deste ano. A sua performance é realmente um diferencial, pois, nenhum programa ou parte do sistema deixa-o lento, mesmo quando você decide colocar vários aplicativos rodando ao mesmo tempo.

A sua câmera, entretanto, é o seu maior diferencial. Ela oferece resultados que você realmente não encontra em outros aparelhos, mas é claro que, para isto, é necessário ter certos conhecimentos de fotografia. O seu software pode passar por alguns refinamentos, mas consegue ser acessível para todos.

Apesar de ter muitos pontos positivos, alguns contras não podem deixar de serem notados. Por exemplo, a falta de uma proteção como a Gorilla Glass para a parte de vidro do aparelho seria um item quase que obrigatório para um aparelho deste porte (e preço). Além disto, os pequenos bugs que são encontrados em seu software causam um leve incômodo, mas que ao longo do dia, são compensados pelas funções extras que você tem sem precisar instalar apps de terceiros da Google Play.

Desta forma, é possível afirmar que, sim, o Huawei P30 Pro é um dos melhores aparelhos da atualidade e, sem dúvida, com a melhor câmera. E, em maio, ele chega ao mercado brasileiro para brigar com tudo, e em pé de igualdade, contra o Galaxy S10+ e o iPhone XS na categoria dos top de linha. Ainda não sabemos o preço do aparelho por aqui, mas, de qualquer forma, é uma ótima notícia para o público do país.

Samsung e Apple que se cuidem. A China vem aí! 

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