Costuma-se dizer que quando algo é gratuito, então o produto é você. E sabemos que os apps gratuitos são financiados por publicidade. E parte desse processo é transmitir nossos dados para os anunciantes, ainda que isso seja, na maioria das vezes, transparente para os usuários. E um estudo da Universidade de Oxford, realizado na semana passada, propôs esclarecer o assunto. E os resultados foram preocupantes: isso porque a equipe responsável analisou quase um milhão de aplicativos (959 mil para ser exato) e constatou que quase 90% deles enviam informações de consumo dos usuários para o Google. 

Para realizar essa verificação, os pesquisadores buscaram por rastreadores de publicidade. Para isso, eles usaram um sistema para baixar, descompilar e analisar o código dos apps, em busca de endereços de web que correspondem a uma lista de rastreadores conhecidos.

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O sistema comparou os endereços dos rastreadores encontrados com uma lista que identifica os proprietários de cada um deles. Isso permitiu que os pesquisadores descobrissem onde iam parar os dados transmitidos pelos aplicativos Android. Poucas surpresas no assunto: a grande maioria acaba nas mãos do Google, com os 90% á citados. O segundo lugar é ocupado pelo Facebook, com 43%. O estudo completo pode ser visto nesse link.

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A alta porcentagem recebida pelo Google é compreensível porque há uma quantidade ampla de tecnologias desenvolvidas por ela que são usadas em aplicativos Android, como Google Analytics, várias APIs (interface de programação de apps), Adsense, entre outros. Mas isso não diminui o fato de que nossos dados ainda chegam à gigante de buscas. A maior preocupação está na possibilidade desses dados cairem em mãos erradas.  

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Além de informações básicas, como idade, gênero, escolaridade, as informações enviadas permitem a construção de perfis detalhados, que podem incluir inferências sobre hábitos de compra, classe socioeconômica e até mesmo opiniões políticas, dependendo do app. 

O estudo descobriu também que um aplicativo típico transmite informações para dez rastreadores diferentes, enquanto que uma em cada cinco aplicações superam vintes rastreadores. E 90% das aplicações analisadas incluíam ao menos um rastreador. 

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Levando em conta que os pesquisadores, provavelmente, limitaram a análise a aplicativos gratuitos, e que nesses casos é muito comum que tenham publicidade, os números não surpreendem. 

De qualquer forma, o estudo serve como um enésimo lembrete de que não existe nada grátis nessa vida. Se o app é gratuito, vai haver publicidade. Geralmente, esse dinheiro é recebido por aqueles que vendem essa propaganda e querem que a segmentação seja a mais precisa possível, de forma a se converter em vendas na maioria dos cliques nas publicidades. E, para conseguir isso, eles precisam de nossos dados.