1964. É o ano de produção da comédia O Otário, dirigida e protagonizada pelo genial Jerry Lewis. Antigo? Não. Pelo contrário: é um dos filmes mais modernos do gênero, consequentemente, é um dos mais novos.

Jerry Lewis, o ator, é Stanley Belt, mensageiro de um hotel que é designado para substituir um famoso comediante que fazia de seus agentes pessoas riquíssimas. Como o personagem é naturalmente engraçado, ele terá dificuldades de interpretar de maneira cômica o texto que outros criaram.

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O diretor Jerry Lewis chegava a seu quinto longa-metragem, penúltimo pela Paramount Pictures, com o qual desenvolveu uma relação extremamente tensa. Não é o mais artisticamente bem-sucedido de seus filmes como cineasta, posto que cabe melhor em Terror das Mulheres (1961). Mas O Otário é provavelmente o mais engraçado, junto de Errado Pra Cachorro (1963), dirigido por seu mentor Frank Tashlin.

Lewis havia começado no cinema com Dean Martin, em que ele era o palhaço enquanto Martin era o galã. A dupla teve vários trunfos, com destaque para Artistas e Modelos (1955) e Ou Vai ou Racha (1956), ambos de Tashlin. Quando se separaram, Lewis chegou ao auge, primeiro sendo dirigido pelo mesmo Tashlin em filmes como O Rei dos Mágicos (1958) ou Bancando a Ama-Seca (1958).

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Em 1960 passou para a direção e se revelou um exímio cineasta, aprendendo com Tashlin tudo que tinha que fazer, e com Norman Taurog (diretor de diversos de seus filmes com ou sem Martin), o que não deveria fazer.

Em O Otário, suas raízes burlescas estão a mil, assim como a maior influência de sua carreira: Stan Laurel, o magro de O Gordo e o Magro. Laurel e o burlesco fazem deste filme um provocador de risadas tão forte que há o risco de perdermos algumas piadas por estarmos ainda rindo da piada anterior.

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Lewis, artista implacável, faz com que o longa seja uma das mais ácidas críticas que se viu contra um estúdio de Hollywood.

Sérgio Alpendre