O Alasca está desconectado do resto dos Estados Unidos de muitas formas – esse é, digamos, o diferencial do lugar. Porém, dar a residentes a opção de participar do mundo moderno conectado é importante para a prosperidade do estado, e, ultimamente, isso não tem sido muito fácil. E é nesse intuito que operadoras de banda larga estão colaborando com o Canadá para conectar o gélido 50º estado norte-americano ao resto do país. Como? Estendendo centenas de quilômetros de fibras de alta velocidade por terra.

De acordo com a TechCrunch, o plano Alaska Canada Overland Network, que conta com a companhia de telecomunicações MTA, vai conectar diretamente o Alasca aos outros 49 “vizinhos da parte de baixo” por via terrestre pela primeira vez. Isso vai melhorar o acesso à rede em toda a região, com uma conexão cuja velocidade atinge espantosos 100 terabits por segundo e que pode aumentar conforme a tecnologia de fibra ótica evolui.

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Hoje, o Alasca está longe de ser uma “ilha” – mas a conectividade é um tanto lenta e complicada, inviabilizando tarefas bem comuns que exigem uma banda larga mais encorpada, como assistir a vídeos em HD. A maior parte do tráfego de rede do Alasca tem que passar por um de quatro cabos submarinos antigos e viajar para Seattle, onde fica a instalação mais próxima de peering (troca de tráfego na internet), antes de alcançar a internet ampla.

“Os negócios esquecem do Alasca”, declara o CEO da MTA, Michael Burke, em uma entrevista ao TechCrunch. Apesar de um grande projeto recente ter conectado comunidades periféricas do estado à região central, ele não trouxe nenhuma adição à gama de bandas largas disponíveis – apenas inseriu mais pessoas nas mesmas linhas. “Para chegar ao terabit, exige-se muito tráfego de dados. E alguns desses cabos tem 20 anos de vida, então eu não sei o quanto mais pode ser extraído deles”, completa Burke.

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Onde o Canadá entra nessa história?

A solução seria construir uma infraestrutura melhor, mas como você faz isso quando se tem 3,2 mil quilômetros de outro país entre a origem e o destino? Acontece que o Canadá, durante os últimos anos, aumentou seus investimentos em conectividade, uma vez que enfrentava o mesmo problema de conexão entre o populoso sul e o norte pouco habitado do país. Burke explica como isso se deu: “Os canadenses são como os EUA, querem construir fibra nas áreas rurais. E eles construíram fibra até Haines Junction, que fica a apenas 320 quilômetros da fronteira dos EUA com o Canadá.”

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Isso significa que, agora, em vez de criar uma rede de 3,2 mil km a partir do zero, eles podem rodar algumas centenas de quilômetros e se conectar à infraestrutura existente. É uma operação ganha-ganha: a fibra será usada para enviar tráfego do Alasca pela fronteira até Seattle, assim como fazem os cabos submarinos, só que de maneira muito mais rápida.

A MTA está fornecendo dinheiro para os provedores canadenses desenvolverem a fibra por essa distância extra, sem qualquer envolvimento do governo no investimento. O tráfego entre o Alasca e o Canadá também será massivamente acelerado, já que poderá simplesmente entrar na fronteira em vez de passar por Seattle.

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“Estamos rodando ao longo da rodovia Alasca-Canadá, que está bem conservada. Não é tão  desafiador tecnicamente e não é tão difícil quanto lugares em que você tem que atravessar um terreno onde não há estradas”, afirma Burke. Ele garante que os levantamentos já foram feitos e os trabalhos começarão na próxima semana, previstos para serem concluídos em 2020.

Fonte: TechCrunch