O segundo dia do F8 2019 – a conferência de desenvolvedores do Facebook – foi concentrado nos investimentos a longo prazo no que a empresa está fazendo nas áreas de Inteligência Artificial e Realidade Aumentada/Realidade Virtual. Na abertura do evento, Mike Schroepfer, diretor de tecnologia da companhia, falou sobre as ferramentas de IA que estão sendo usadas para resolver uma série de desafios nos produtos da companhia. 

A apresentação de Schroepfer foi seguida pelas de Manohar Paluri e Joaquin Quinonero Candela, ambos da da área de Inteligência Artificial; de Margaret Stewart de design de produto; e de Lade Obamehinti, Lindsay Young e Ronald Mallet, todos da área de Realidade Aumentada/Realidade Virtual.

Confira o que abaixo o que foi apresentado:

Inteligência artificial

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A inteligência artificial impulsiona uma variedade de produtos e infraestrutura no Facebook, sendo que, nos últimos anos, ela foi usada para detectar conteúdos que violassem as políticas de uso das plataformas da empresa. Para detectar mais conteúdos problemáticos, o Facebook afirmou que está trabalhando para garantir que os sistemas de inteligência artificial possam entender informações com o mínimo de supervisão possível. 

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Para isso, a empresa anunciou avanços em processamento natural de linguagem (NLP, em inglês) que vem sendo utilizado para criar uma linguagem comum para traduções. Dessa forma, a companhia afirma que localizar conteúdo prejudicial em diversos idiomas ficará mais eficiente. Além disso, uma nova abordagem para reconhecimento de objetos chamada Panoptic FPN auxilia os sistemas equipados com inteligência artificial a entender contextos a partir do plano de fundo de fotos. Modelos de treinamento que combinam sinais visuais e de áudio melhoram ainda mais os resultados.

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O Facebook afirma que o trabalho no campo de processamento natural de linguagem é importante, mas diversas técnicas funcionam melhor para os idiomas mais comuns. A empresa também diz que precisa achar uma forma de oferecer suporte a muitas línguas, em que o conjunto de amostras para treinamento é muito pequeno. Para esses idiomas, o aprendizado auto-supervisionado pode ajudar à medida que o sistema seja capaz de treinar modelos sem que humanos tenham que identificar conjuntos enormes de dados. Com isso, ficaria mais prático entender o conteúdo relevante — incluindo violações de políticas — sem traduzir cada frase. Essa técnicas ajudam a garantir que todos os classificadores estejam identificando conteúdo problemático em mais idiomas do que era possível anteriormente.

O Facebook ainda afirma que a inteligência artificial é fundamental para manter a plataforma segura — mas consciente de que a tecnologia também  traz riscos, já que ela pode refletir e ampliar o preconceito. Para resolver isso, a empresa afirma que está construindo práticas mais justas – para garantir que a inteligência artificial proteja as pessoas e não as discrimine – em todas as etapas do desenvolvimento de produtos.

Inteligência artificial inclusiva

Mike Schroepfer afirmou que quando os modelos de inteligência artificial são treinados por humanos, em conjuntos de dados envolvendo pessoas, existe um risco representacional inerente. Se os conjuntos de dados contêm limitações, falhas ou outros problemas, os modelos resultantes poderão ter um desempenho diferente para pessoas diferentes. Para gerenciar esse risco, a companhia desenvolveu um novo processo para a inteligência artificial inclusiva. Esse processo fornece diretrizes para ajudar pesquisadores e programadores a projetar conjuntos de dados, medir o desempenho do produto e testar novos sistemas por meio da lente da inclusão. Para imagem, essas dimensões incluem tom de pele e apresentação de idade e gênero. Já para voz, inclui dialeto, idade e gênero. O processo de inteligência artificial inclusiva está sendo usado agora por muitas equipes de produtos no Facebook e está incorporado no desenvolvimento de novos recursos.

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Realidade Aumentada/Realidade Virtual

Uma das áreas em que o Facebook afirma que está usando o processo de inteligência artificial inclusiva é a de Realidade Aumentada. Os engenheiros do Spark AR (uma plataforma que cria efeitos de Realidade Aumentada para diversos segmentos digitais) afirmaram que este processo pode garantir que o  software entregue os efeitos de Realidade Aumentada de qualidade para todos.

Um bom exemplo disso são alguns efeitos que são ativados a partir de gestos com a mão. Sendo assim, os dados de treinamento incluem vários tons de pele sob uma variedade de condições de luz para garantir que o sistema seja sempre capaz de reconhecer uma mão em frente à câmera. Os engenheiros do Oculus também estão usando esse processo para comandos de voz em Realidade Virtual, usando dados representativos de dialetos, idades e gêneros.

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O Facebook também estuda o uso da Realidade Virtual, de uma forma onde as pessoas poderão, no futuro, interagir e se unir, independentemente da distância física. Mas, para realmente alcançar isso, as pessoas precisam se sentir completamente presentes na Realidade Virtual. E isso significa a criação de avatares verdadeiramente reais, com gestos, expressões faciais e tom de voz que acrescentem nuances às conversas.

Para isso, a empresa apresentou na F8 2019 os Codec Avatares, que permitem que as pessoas interajam em tempo real em Realidade Virtual.A empresa está desenvolvendo modelos totalmente adaptáveis e baseados em física que reproduzem um avatar 3D, com dados de um determinado número de sensores.

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O Facebook afirma usar uma abordagem em camadas que reproduz a anatomia humana e que pode se adaptar automaticamente para combinar perfeitamente à aparência e ao movimento único de qualquer indivíduo. Segundo a companhia, esses modelos foram projetados de dentro para fora, desenvolvendo um esqueleto virtual e, em seguida, acrescentando a estrutura muscular, pele e roupas. O resultado são avatares mais realistas – desde o movimento dos músculos até o caimento das roupas.

E para aumentar a segurança no uso da Realidade Virtual, o Facebook declarou que construiu sistemas preventivos, com um código de conduta para todos que usam ou desenvolvem para a sua linha de headsets focados em VR.  E também foram criados sistemas reativos, incluindo ferramentas para denunciar ou bloquear usuários que violem as diretrizes.

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Um bom exemplo disso está presente nos próprios aplicativos sociais de Realidade Virtual, incluindo Spaces, Venues e Rooms, onde o Facebook incorporou segurança ao design central da experiência. Um vídeo com orientações apresenta às pessoas alguns dos recursos projetados para que se sintam mais à vontade interagindo com um grande grupo de pessoas, enquanto estiverem em Realidade Virtual. Por exemplo, a bolha de segurança é um recurso que impede que pessoas ou objetos cheguem mais perto do que o usuário gostaria. Se um avatar entrar na bolha de segurança de outro, ambos se tornarão invisíveis um ao outro. Há também moderadores ao vivo para ajudar a garantir um bom comportamento e analisar denúncias de ações inadequadas.