O Facebook não cansa de se envolver em escândalos, principalmente quando o assunto é sua ferramenta de direcionamento de anúncios. Aqui no Olhar Digital já foram noticiadas acusações da rede de colocar filtros de direcionamento de anúncio para pessoas interessadas em nazismo e até mesmo permitir a exclusão de grupos étnicos na visualização propagandas, clara discriminação. E é por causa da discriminação que a empresa está sendo alvo de mais um processo, dessa vez por desrespeito às leis de direito a moradia dos Estados Unidos. 

“O Facebook está discriminando as pessoas com base em quem são e onde vivem”, disse Ben Carson, secretário do Departamento de Habitação e Desenvolvimento Urbano (HUD), responsável pelo processo. De acordo com ele, a rede social estaria limitando as escolhas de moradia dos seus usuários, o que seria tão “discriminatório como bater a porta na cara de alguém”. 

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Os porta-vozes da HUD afirmam que muitas das opções de escolha de direcionamento de anúncio são extremamentes claras e diretas e se assemelham muito as práticas de “redlining”. Redlinig é a negação sistemática de vários serviços, como a moradia, para residentes de bairros específicos, normalmente associados a etnia.

“[O Facebook] forneceu um botão de alternância que permite aos anunciantes excluir homens ou mulheres de ver um anúncio, uma caixa de pesquisa para excluir pessoas que não falam um idioma específico de ver um anúncio, além de uma ferramenta de mapa para excluir pessoas que vivem em uma área específica de ver um anúncio desenhando uma linha vermelha em torno dessa área”, diz a queixa. 

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O porta-voz da rede comentou o caso e disse estar surpreso com a decisão da HUD de processar a empresa, visto que eles já estão trabalhando para evitar esse direcionamento discriminatório na plataforma. “No ano passado, eliminamos milhares de opções de segmentação que poderiam ser mal utilizadas, e na semana passada chegamos a acordos históricos com a National Fair Housing Alliance, a ACLU e outros”, disse ele. 

Ele não está mentindo. O Facebook realmente fez várias mudanças depois dos escândalos, relatados em agosto de 2018, quando a empresa removeu 5.000 opções de segmentações específicas e, recentemente, exluiu a opção de segmentação por idade, gênero e CEP em acordo com grupos civis. 

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Mas, ainda assim, as acusações do HUD vão além dessa natureza e questionam a publicidade otimizada automaticamente. Isso significa que eles acreditam que o próprio sistema do Facebook já impede por si só anúncios de chegarem a certos grupos. “Mesmo que um anunciante tente segmentar um público que abranja amplamente várias classes protegidas, o sistema de exibição de anúncios do [Facebook] não mostrará a propaganda a um público diversificado se o sistema considerar usuários com características específicas mais propensos a interagir com o anúncio”, explicou a acusação. 

O porta-voz respondeu que os executivos da rede social estão ofendidos com a evolução das queixas contra a empresa, que sugerem acesso a dados pessoais e utilização indevida deles, mas afirmou que o continuarão a trabalhar com especialistas em direitos civis, para se manter sempre dentro da lei. 

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Em 2016, o Pro Publica, canal de investigação jornalística, levantou pela primeira vez preocupações com a discriminação na busca por moradias através de segmentações étnicas. E, um ano depois, apesar do Facebook dizer estar resolvendo esses problemas, o Pro Publica concluiu que nenhuma melhora havia ocorrido.

Mas o processo da HUD é um novo marco, pois ele é o primeiro processo federal contra a empresa. “Mesmo quando enfrentamos novas tecnologias, as leis de habitação justa promulgadas há mais de meio século permanecem claras – a discriminação na publicidade relacionada à moradia é contra a lei”, concluiu o diretor jurídico do HUD, Paul Compton. 

Via: The Verge