É comum que sistemas operacionais e outros grandes projetos de software tenham um codinome. Desenvolvedor nenhum quer se referir no dia-a-dia a uma versão como PSAS29.137-16-2, então logo surge um apelido mais fácil de lembrar. Geralmente esses nomes são internos, mas às vezes eles vêm a público e acabam se tornando parte da identidade do software, como os grandes gatos do mac OS (Leopard, Tiger, Lion, etc) ou as sobremesas do Android (Ice Cream Sandwich, Lollipop, Oreo, etc).

Infelizmente, no caso do Android, o Google resolveu encerrar a tradição. O Android Q será chamado simplesmente de Android 10, parte de um esforço de comunicação para a escolha de um nome mais internacional e que comunique de forma mais fácil aos usuários a evolução do sistema. É uma pena, especialmente para os brasileiros que esperavam que o sistema se chamasse “Android Quindim”.

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Para marcar o fim de uma era, resolvemos relembrar o “buffet de sobremesas” do Android e fazer um passeio por cada versão do sistema, até o atual Android Pie.

Doces lembranças

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  • Cupcake (1.5): publicamente o Cupcake foi a terceira versão do Android (depois da 1.0 e 1.1), e o ponto de partida para a tradição das sobremesas. Lançado em Maio de 2009, foi a primeira versão do sistema com suporte a teclados virtuais de terceiros, abrindo as portas para apps populares como o Swiftkey.

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Android 1.5, o primeiro com um nome “doce”

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  • Donut (1.6): Lançado apenas 5 meses depois do Cupcake, em Setembro de 2009, trouxe como grande destaque um sistema de síntese de voz, permitindo que os apps “falem” com o usuário. Foi a primeira versão a chegar ao Brasil, com o Motorola Milestone.
  • Eclair (2.0 a 2.1): Outra versão de chegou “rapidinho”, um mês depois da Donut. Além do melhor desempenho e suporte a contas de e-mail em servidores Microsoft Exchange (o que abriu as portas para o mercado corporativo), esta versão trouxe uma versão aprimorada do Google Maps, que pela primeira vez tinha o recurso de navegação entre dois pontos. O Android 2.1 foi a versão embarcada no primeiro “smartphone do Google”, o Nexus One.
  • Froyo (2.2): Lançada em 2010, esta versão trouxe melhorias como a capacidade de criar um “hotspot” Wi-Fi, suporte a conteúdo em Adobe Flash (algo que já foi muito importante, acreditem) e a telas de alta densidade, como as com resolução 720p.
  • Gingerbread (2.3): Esta versão, de Dezembro de 2010, trouxe suporte a telas ainda maiores, com resolução WXGA (1366 x 768). melhorias na função de “copiar e colar”, melhor gerenciamento de energia e foi a primeira versão do sistema com suporte a sensores como giroscópios (bússola interna) e barômetros.
  • Honeycomb (3.0 a 3.2): Tá aí uma versão do Android que poucas pessoas conhecem. Isso porque ela desenvolvida exclusivamente para uso em tablets, como o Motorola Xoom, que na época (2011) eram vistos como sérios concorrentes ao iPad. Também trouxe um novo design na interface, chamado Holo.

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Android 3.0 Honeycomb: o “favo de mel” era exclusivo para tablets.

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  • Ice Cream Sandwich (4.0): O “Sanduíche de Sorvete” unificou novamente o software para smartphones e tablets. Foi a primeira versão do Android com um recurso nativo para captura de screenshots (antes isso era implementado por cada fabricante), com Face Unlock e também a primeira a suportar gravação de vídeo em Full HD (1080p).
  • Jelly Bean (4.1 a 4.3): Esta versão foi focada em melhorias internas, especialmente no desempenho da interface para que fosse mais “fluida”. O primeiro aparelho com o Jelly Bean também foi o primeiro tablet da Google, o famoso Nexus 7, equipado com uma tela de 7” e lançado em Julho de 2012. Diz a lenda que o sucesso deste aparelho, e de outros com tamanho similar, fez a Apple desenvolver o iPad Mini
  • KitKat (4.4): Além da surpresa do nome (já que é marca registrada da Nestlé), esta versão trouxe ajustes na interface, trocando os detalhes em azul que existiam desde o Honeycomb pelo branco. Também trouxe uma série de otimizações de desempenho para dispositivos de baixo custo (abrindo as portas para aparelhos como o Moto E) e um novo compilador interno, chamado Ark, que substituiu o Dalvik e deu mais desempenho aos apps.

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Android 4.4 “KitKat”: Interface mais “clean” e otimizações de desempenho

  • Lollipop (5.0 e 5.1): Foi nesta versão que o Google estreou uma nova linguagem gráfica conhecida como “Material Design”, que é usada no Android e em seus apps e serviços da web até hoje. Também teve como destaque o “Projeto Volta”, um esforço para reduzir o consumo de energia e aumentar a autonomia da bateria dos dispositivos.
  • Marshmallow (6.0): Esta versão trouxe muitas mudanças internas, entre elas o suporte a USB-C, a leitores de impressões digitais, a aparelhos Dual-SIM e o modo “Doze”, que bota o processador pra “cochilar”, operando em uma frequência menor, quando o aparelho não está em uso, o que ajuda a economizar bateria.
  • Nougat (7.0): Foi no Android 7 que o Google anunciou o DayDream, sua plataforma de realidade virtual. Também foi nesta versão, de 2016, que estreou a API Vulkan, que permite acesso direto à GPU dos aparelhos e melhora o desempenho gráfico em jogos.
  • Oreo (8.0): Aqui tivemos como destaque o Projeto Treble, uma “modularização” do sistema operacional que deveria tornar mais fácil para os fabricantes oferecer atualizações de sistema para seus aparelhos. Também foi aqui que estreou o Android Go, uma versão “Lite” do Android, otimizada para rodar em aparelhos com menos de 1 GB de RAM.
  • Pie (9.0): Finalmente chegamos à versão Atual do Android, lançada em Agosto de 2018. Se você comprou um smartphone lançado neste ano, provavelmente está rodando o Android Pie. Aqui tivemos um refinamento da interface, com o uso de cantos arredondados e transparência na dock, bem como a estréia do Dashboard, recurso que permite ao usuário verificar exatamente quanto tempo está gastando por dia usando o smartphone, e em que apps. Também trouxe o suporte oficial ao infame “notch”, invadiu os smartphones de diversos fabricantes à medida em que as telas ficaram cada vez maiores, e as bordas menores.

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Android 9.0 Pie: a versão atual tem interface refinada e suporte oficial ao “notch”

Segundo o Google, há mais de 2,5 bilhões de usuários ativos do Android em todo o mundo. E de acordo com dados do site Stat Counter, até Julho deste ano o Android detinha mais de 76% do mercado de global de smartphones.