Imagine essa situação: você é um funcionário do setor de TI de um hospital e, de repente, começa a receber dezenas de reclamações iguais: “meu iPhone parou de funcionar do nada”. O que você faria? Provavelmente a última coisa que passaria pela sua mente é de que um vazamento de hélio seria responsável por “envenenar” todos os produtos da Apple no ambiente.

O caso foi relatado por Eric Woolridge, um administrador de sistemas, em um post no Reddit. Como naquele dia 8 de outubro, o hospital estava passando por uma instalação de uma máquina de ressonância magnética, ele presumiu que fosse algum pulso eletromagnético interferindo nos aparelhos. O problema desta teoria: apenas 40 iPhones e outros produtos da Apple estavam sendo afetados, e caso o problema fosse magnetismo nenhum eletrônico estaria funcionando.

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Os aparelhos em questão simplesmente deixaram de responder. Nem sequer davam sinais de vida quando colocados para carregar. Foi só posteriormente que ele descobriu que a instalação de uma máquina de ressonância magnética inclui grandes quantidades de gás hélio, que acabou vazando para o resto do hospital. Posteriormente, ele realizou um teste em vídeo colocando um iPhone em um saco plástico cheio do gás e observou algo interessante: o cronômetro do celular começou a avançar cada vez mais rápido, até que o aparelho finalmente travou.

O site iFixit, especializado em desmontagens e reparos de celulares, ofereceu uma explicação para essa curiosa “alergia” do iPhone ao hélio. Tudo tem a ver com chips de silício MEMS (sigla para “sistemas microeletromecânicos”), que são aproveitados no barômetro e no acelerômetro do celular. O grande problema é que os átomos de hélio são pequenos o bastante para confundir esses sistemas.

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Diante disso, como explicar que o iPhone foi afetado e outros aparelhos não? A justificativa é que a Apple adotou o silício MEMS também no relógio do iPhone, abandonando o quartzo, que é mais convencional. Ao fazer isso, o aparelho ficou altamente vulnerável ao hélio, porque o relógio é fundamental para fazer o processador funcionar de forma adequada. A própria Apple sabe disso e inclui a informação no manual, afirmando que expor o iPhone a altas concentrações de gases como o hélio pode afetar o funcionamento do aparelho.