A Apple divulgou ontem os resultados das auditorias de condições de trabalho que faz com os seus fornecedores. Segundo a empresa, as investigações reveleram 44 “violações sérias” de direitos trabalhistas entre seus fornecedores em 2017, incluindo casos de falsificação de horas trabalhadas e cobrança de taxas para que os funcionários possam trabalhar. 

De acordo com a Reuters, o número de “violações sérias” dobrou com relação ao ano passado. Os casos de cobrança de taxas dos funcionários foram três, incluindo um no qual 700 trabalhadores estrangeiros recrutados das Filipinas precisavam pagar um total de US$ 1 milhão para trabalhar, o que pode caracterizar escravidão por dívida. A Apple diz ter forçado a empresa a devolver o dinheiro aos funcionários. 

Fora isso, o número de empresas que se adequam ao limite máximo de 60 horas de trabalho por semana caiu de 98% em 2016 para 94% em 2017. Houve também no ano passado 38 casos de falsificação de horas trabalhadas por parte dos empregadores, para fazer parecer que seus funcionários haviam trabalhado menos – em 2016, foram apenas nove casos.

Na mesma ocasião, a Apple divulgou seu relatório de minerais de conflito (“conflict minerals”, minerais como ouro, extraídos de zonas de guerra e vendido para perpetuar os conflitos) – um documento exigido por agências reguladoras estadunidenses. Segundo a Apple, 16 fundições e refinarias das quais ela adquiria esses minérios saíram de sua lista de fornecedores – dez delas pelo motivo de se recusar a participar de uma auditoria externa. 

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Medidas e resultados

Como a Reuters nota, embora a Apple tenha uma das maiores cadeias produtivas do mundo, a maior parte do trabalho é feita por empresas terceirizadas. A Apple, no entanto, realiza auditorias periódicas entre seus fornecedores para garantir que eles se adequam às práticas trabalhistas locais ou aos padrões exigidos pela fabricante dos iPhones. 

Quando uma violação é encontrada, a Apple notifica o diretor da empresa culpada e dá uma advertência ao fornecedor até que ele resolva a situação. Em seguida, o fornecedor também precisa passar por revisões para garantir que ele resolveu o problema de uma maneira tal que ele não volte a acontecer. 

Mesmo com os problemas citados acima, a Reuters considera que a tendência geral dos 756 fornecedores da Apple em 30 países era de maior cumprimento do código de conduta da empresa. Cada fornecedor recebe uma nota de zero a 100, e a proporção de fornecedores que tiveram nota menor que 59 em 2017 foi de apenas 1%, contra 3% em 2016 e 14% em 2014. 

Fornecedores com nota maior que 90, por sua vez, foram 59% dos auditados em 2017 – uma proporção recorde, maior do que os 47% de 2016. 197 dos fornecedores auditados passaram pela auditoria da Apple pela primeira vez em 2017, e no total a empresa rastreia as horas trabalhadas por 1,3 milhão de funcionários de sua linha de produção.

Para o futuro, a empresa diz que pretende implementar também uma iniciativa de apoio à saúde das mulheres em seus fornecedores, com o objetivo de chegar a um milhão de mulheres até 2020. Na China, ela também lançou um programa de capacitação de funcionários de linha de montagem, visando ajudá-los a atingir cargos com salários de 20% a 30% maiores, e também delineou novas regras contra o trabalho de estudantes após descobrir que alguns alunos chineses estavam trabalhando mais de 11 horas por dia na linha de montagem do iPhone X.