Após a introdução do recurso Apple Time Screen, vários desenvolvedores de aplicativos de controle de tela ou controle parental receberam solicitações para alterá-los ou tiveram seus apps retirados da App Store, segundo reportagem do The New York Times.

Diante da repercussão da matéria, a Apple nega a acusação de boicote para favorecer seus próprios serviços e sustenta que as remoções foram ocasionadas por violações de regras, principalmente relacionadas à concentração de dados dos usuários.

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MacRumors teve acessso a um e-mail de Phil Schiller, da Apple. O vice-presidente de marketing disse que a reportagem publicada pelo Times não compartilhava a declaração completa da empresa e explicou que aqueles afetados pela remoção “usavam uma tecnologia chamada Mobile Device Management (Gerenciamento de Dispositivo Móvel ou MDM)”. Segundo Schiller, esse recurso permite que uma única pessoa possa controlar tudo que é acessado em um dispositivo. Geralmente, ele é usado por empresas em aparelhos corporativos, para limitar seu uso, e, de acordo com o executivo, esse recurso não pode ser usado em um smartphone doméstico, uma vez que ele pode ser controlado por um desenvolvedor.

 “A Apple sempre acreditou que os pais deveriam ter ferramentas para gerenciar o uso de dispositivos de seus filhos. É a razão pela qual criamos e continuamos a desenvolver o Screen Time. Outros aplicativos na App Store, incluindo o Balance Screen Time da Moment Health e o Verizon Smart Family, dão aos pais o poder de equilibrar os benefícios da tecnologia com outras atividades que ajudam as mentes jovens a aprender e crescer. Recentemente, removemos vários aplicativos de controle dos pais da App Store e fizemos isso por um motivo simples: eles colocam em risco a privacidade e a segurança dos usuários. É importante entender por que e como isso aconteceu”.

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Entenda o caso

Times diz que “a Apple removeu ou restringiu,pelo menos, 11 dos 17 aplicativos de controle de tempo e de controle de tela mais baixados”, bem como vários outros. A reportagem aponta que o aplicativo Screen Time da Apple tem algumas desvantagens em comparação às alternativas de terceiros, oferecendo aos usuários um número menor de recursos para impedir que as crianças acessem aplicativos indesejados. Ele também aponta que estes mesmos apps podem ser usados em plataformas iOS e Android da mesma maneira, enquanto o Apple Time Screen dificulta que a supervisão dos pais em dispositivos Android.

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A matéria apresenta entrevistas com desenvolvedores que descobriram que seus apps foram retirados da loja de forma abrupta. Eles alegam ter recebido instruções pouco claras e vagas sobre alterações e suporte indiferente da empresa. Em muitos casos, os criadores observam que a remoção da App Store pode ser devastadora para as empresas — Amir Moussavian, CEO da OurPact, diz que 80% de sua receita vem da App Store.

No início desta semana, desenvolvedores de dois aplicativos, Kidslox e o Qustodio, entraram com uma ação antitruste contra a Apple na União Européia. No mês passado, a Kaspersky Lab entrou com uma queixa antitruste depois que seu próprio aplicativo de gerenciamento de tempo foi removido da loja. Eles não são os primeiros a se preocupar com o alcance da empresa quando se trata da App Store: o Spotify apresentou uma queixa semelhante, alegando que a empresa de tecnologia estava oferecendo uma vantagem injusta contra serviços de streaming de música de terceiros.