A “impressão digital” que a atmosfera da Terra produz quando passa em frente ao Sol pode ajudar a descobrir se outros planetas são potencialmente habitáveis, segundo um artigo publicado no MIT Technology Review.

Quando um planeta “transita” por sua estrela hospedeira (passa à frente do ponto de vista da Terra), a química das partículas da atmosfera do planeta se dispersa, absorve e refrata a luz das estrelas de maneiras muito específicas. Assim, é possível usar esses trânsitos para confirmar a presença de coisas como vapor de água ou o conteúdo de gases, como oxigênio e dióxido de carbono. A descoberta ainda mostra que até detectar bioassinaturas, como metano ou outros compostos orgânicos que sugerem a presença de vida extraterrestre, pode ser possível.

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Dois astrônomos, da Universidade McGill, em Montreal, debruçaram-se sobre os dados coletados pelo satélite SCISAT da Agência Espacial Canadense, que foi originalmente lançado para ajudar a entender melhor o esgotamento de ozônio na Terra. Desde 2004, o SCISAT faz observação contínua da luz que passa pela atmosfera quando a Terra está em frente ao sol. Eles usaram esses dados para simular a aparência de todo o espectro de trânsito do planeta no infravermelho, algo que nunca havia sido feito antes. As descobertas foram publicadas na semana passada nos avisos mensais da Royal Astronomical Society (sociedade que apoia a investigação astronômica).

A “impressão digital” da Terra fornece pistas sobre o que devemos procurar ao estudar outros trânsitos de exoplanetas com mais detalhes e tentar confirmar sua habitabilidade em potencial, como no sistema TRAPPIST-1. Os pesquisadores são particularmente otimistas quanto ao fato de o sucessor do Hubble, o Telescópio Espacial James Webb, ser uma ferramenta valiosa para esse tipo de trabalho quando finalmente estiver em funcionamento em apenas alguns anos.

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Via: TecnologyReview