Na última quinta-feira, 8, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, se reuniu com congressistas, membros da sociedade civil e representantes da indústria dos videogames para discutir a violência em jogos eletrônicos.

O encontro foi marcado após um tiroteio numa escola da Flórida que deixou 17 mortos e diversos feridos. O massacre foi orquestrado por um jovem de 19 anos portando um rifle comprado legalmente no estado.

Trump chegou a relacionar os frequentes casos de armas em escolas a cenas de violência em games, dizendo que jogos violentos “estão fazendo a cabeça dos jovens”. A reunião, marcada na semana passada e em meio a certa confusão, terminou nesta quinta sem uma conclusão clara.

A imprensa não teve acesso à reunião, mas alguns dos participantes falaram sobre o que aconteceu com jornalistas. O encontro começou com Trump mostrando aos participantes um vídeo com cenas de violência em jogos como “Call of Duty”, “Fallout” e “The Evil Within”.

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Após a exibição do vídeo (que foi divulgado no YouTube pela Casa Branca), Trump perguntou: “isso é violento, não é?”. Melissa Henson, líder de um conselho de pais que participou da reunião, afirmou ao Ars Technica a sala permaneceu em silêncio enquanto o vídeo era exibido.

A partir daí, o que aconteceu é ainda mais nebuloso. A versão oficial dos fatos, de acordo com um comunicado emitido pela Casa Branca, é de que o presidente Trump “reconheceu que alguns estudos já indicaram que existe uma correlação entre violência em videogames e violência real”.

No entanto, um representante da Associação do Software de Entretenimento (ESA, na sigla em inglês), que fala em nome das empresas de videogames, disse o contrário. A associação teria levado ao encontro uma série de estudos que mostram que não existe relação entre violência em games e violência real.

O encontro contou ainda com a presença de Strauss Zelnick, CEO da Rockstar Games (produtora da franquia “GTA”) e com Dave Grossman, um coronel do exército dos EUA. Vicky Hartzler, deputada do mesmo partido de Trump, também esteve na reunião, e defendeu que o presidente investigasse também a violência em filmes.

A ESA afirmou que “aprecia a receptividade e a abordagem compreensiva” do presidente ao tema. Brent Bozell, presidente do Centro de Pesquisa de Mídia (MRC, na sigla em inglês), que também participou do encontro, disse ao The Verge que não houve qualquer discussão séria a respeito de uma possível censura a games violentos.

“O presidente encorajou [desenvolvedores de jogos] a explorar coisas que eles possam fazer sozinhos para fazer as coisas ficarem mais saudáveis na sociedade”, disse Bozell, “e foi nisso que acabou [a reunião]”.

Outros participantes do encontro corroboram a versão de que houve muita conversa, mas nenhuma proposta de mudanças em leis ou restrições para a indústria. O próprio comunicado oficial da Casa Branca não diz se o governo americano pretende ou não empurrar qualquer projeto de lei nesse sentido.