Pesquisadores da Universidade da Califórnia em Berkeley revelaram uma falha que afeta os assistentes de voz da Apple, do Google e da Amazon. O estudo, divulgado nesta quinta-feira (10) pelo The New York Times, mostra que Siri, Google Assistente e Alexa podem ser ativados por sons “escondidos” em gravações de músicas, por exemplo – uma brecha que dá a eventuais mal-intencionados a oportunidade de executar ações sem o usuário perceber.

A pesquisa dá sequência aos estudos de alunos da própria UC Berkeley e também das universidades de Princeton, nos EUA, e da Zhejiang, na China. Nos últimos anos, os grupos de pesquisadores já mostraram que é possível enviar, tanto por alto-falantes quanto por vídeos no YouTube, comandos por ruídos brancos para ativar os três assistentes. O novo documento mostra que é possível ir além e incluir os sons no meio de músicas.

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Essas ordens, imperceptíveis pelo ouvido humano, podem em tese ser usadas para fazer os assistentes discarem um número, abrirem um site ou até mesmo adicionarem algo à lista de compras do usuário.

Estamos em perigo?

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Ao New York Times, Nicholas Carlini, um dos autores da pesquisa, disse que não há nada que indique que “essas técnicas tenham saído do laboratório”, mas que não é impossível que criminosos já saibam como usá-las. O risco, portanto, existe, especialmente se levarmos em conta outro estudo, dessa vez da Ovum, que mostra que a base de assistentes digitais nativos – os alto-falantes vendidos pelas três empresas – deve superar a população humana até 2021.

Esses dispositivos são mais populares nos Estados Unidos, mas o problema pode atingir outros aparelhos que também vêm com assistentes de voz instalados – iPhones e smartphones com Android, por exemplo. Por isso, as duas empresas, que disponibilizam seus assistentes no Brasil, e Amazon, que ainda não trouxe a Alexa para território nacional, fizeram questão de pontuar ao The New York Times que seus assistentes contam com recursos para evitar situações assim.

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O Google Assistente, por exemplo, usa a tecnologia de reconhecimento de voz nos celulares para identificar o dono antes de executar alguma ação. Já a Siri praticamente não funciona sem que o iPhone ou o iPad estejam desbloqueados. A Amazon, por sua vez, explicou ao Olhar Digital que tomou medidas para tornar o Echo seguro, como “revisões de segurança rigorosas e criptografia de comunicação entre o Echo, o aplicativo para a Alexa e os servidores da Amazon”. Além disso, vale lembrar que o app da assistente virtual da empresa registra todos os comandos recebidos – o que pode facilitar na hora de identificar eventuais abusos. De toda a forma, as medidas, principalmente no caso dos sistemas de reconhecimento de voz, não são à prova de falhas – e esse pode ser o momento para aprimorá-los.