Uma série de e-mails obtidos pela polícia revelaram que funcionários da Microsoft, Amazon, Oracle, Boeing e T-Mobile usavam seus endereços eletrônicos corporativos para solicitar os serviços de prostitutas vítimas de tráfico humano. A publicação estadunidense Newsweek teve acesso aos e-mails após um pedido de informações públicas ao escritório do promotor envolvido no caso.

Dentre os e-mails obtidos, 67 foram enviados de contas de empregados da Microsoft, e outros 63 de contas de funcionários da Amazon. Alguns deles datavam de uma operação policial conduzida em 2015 que resultou na prisão de 18 pessoas, incluindo executivos de alto nível das duas empresas. Segundo a Newsweek, o uso do e-mail corporativo era feito para que os clientes pudessem comprovar que não eram policiais.

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Como a publicação ressalta, há uma forte correlação entre a indústria de tecnologia e a indústria do sexo na costa oeste dos Estados Unidos: entre 2005 e 2012, o setor de prostituição teria dobrado de tamanho. Alguns anúncios online obtidos pela publicação chegam a citar sua proximidade com os escritórios da empresa como um fator positivo, e alguns trabalhadores dessa indústria chegam a gastar mais de US$ 50 mil (R$ 166 mil) por ano com serviços desse tipo.

Na operação conduzida em 2015, um dos responsáveis pelo gerenciamento das mulheres admitiu que muitas delas estavam em situação de escravidão por dívida e temiam pela sua segurança ou a de suas famílias. Nas palavras do diretor de políticas e pesquisa da associação anti-tráfico Demand Abolition, Alex Trouteaud, o mercado de tecnologia tem “uma cultura que prontamente abraçou o tráfico humano”.

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Resposta

Em declaração enviada à Newsweek, a Microsoft afirmou ter “um histórico de colaboração com agências de lei” e que “a conduta pessoal de uma pequena fração de nossos 125 mil empregados não representa, de maneira alguma, a nossa cultura”. A empresa disse que deixava claro que seus funcionários tinham a obrigação de agir de maneira íntegra, sob o risco de perder seus empregos. Após receber o e-mail da publicação, o RH da empresa teria contatado os funcionários alertando-os sobre o caso.

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A Amazon, por outro lado, pediu para ver os e-mails obtidos pela publicação antes de responder. Após receber uma lista dos e-mails obtidos (mas sem o nome dos funcionários) e um e-mail na íntegra, a empresa disse que está investigando o assunto é que “quando a Amazon suspeita que um funcionário seu usou fundos da empresa se envolver em condutas criminosas, a empresa investiga imediatamente e toma as atitudes apropriadas, incluindo demissão”.