Depois de um monte de escândalos de privacidade e má-gestão de dados dos usuários acumulados nos últimos dois anos, o Facebook vai mudar. É a nova promessa de Mark Zuckerberg para o futuro da companhia, com o objetivo de apostas mais firmes em criptografia de dados e foco na privacidade dos usuários.

Para isso, a empresa planeja redirecionar seus esforços. A rede social pública que conhecemos e que sustentou o crescimento da companhia por tanto tempo deve passar a ficar em segundo plano. Na visão de Zuckerberg, o futuro são os aplicativos de mensagens, como o WhatsApp e o Facebook Messenger, utilizando de uma criptografia forte para garantir a segurança do conteúdo trocado entre as partes envolvidas em uma conversa. A ideia, inclusive, é tornar estes serviços, incluindo também o Instagram Direct, integrados e interoperáveis.

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Criptografia tem se tornado um tema espinhoso nos últimos anos. Aplicativos de comunicação criptografada têm entrado na mira de governos do mundo todo (até no Brasil) por serem incapazes de revelar o conteúdo das mensagens mesmo diante de mandado judicial, o que às vezes atrapalha investigações policiais. Os apps se defendem afirmando que não podem criar brechas propositais porque isso iria expor a segurança de seus usuários para o cibercrime, visto que muitas vezes as pessoas compartilham informações delicadas, fotos privadas e dados sensíveis que poderiam causar sérios danos às suas vidas caso vazassem como resultado de um ciberataque. A criptografia também é indispensável para empresas, já que dados que venham a vazar podem causar prejuízos incalculáveis.

Zuckerberg diz que o Facebook levará a sério a questão de privacidade em aplicativos de mensagens, e está disposto a comprar brigar com governos para manter protegidas as comunicações de seus usuários. Isso significa que se a empresa tiver que ser banida de algum país como resultado desta posição, ela será.

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Esta posição também se reflete no anúncio de que a empresa não armazenará dados sensíveis em países com “má reputação em relação a direitos humanos como privacidade liberdade de expressão”, o que inclui, por exemplo, Rússia e Vietnã, que têm pressionado empresas de tecnologia para o armazenamento local de dados onde eles podem ser interceptados por autoridades mais facilmente. Isso também significaria que o Facebook teria suas portas definitivamente fechadas na China, que é um mercado gigantesco que a empresa jamais conseguiu explorar.

“Estamos trabalhando para melhorar nossa habilidade de identificar e parar agentes malignos nos nossos aplicativos detectando padrões de atividade ou outros métodos, mesmo se não conseguirmos ver o conteúdo das mensagens, e continuaremos a investir neste recurso. No entanto, enfrentamos uma troca inerente porque nunca conseguiremos identificar todo o mal em potencial como fazemos hoje quando nossos sistemas de segurança podem ver todo o conteúdo das mensagens”, diz Zuckerberg, ao explicar como o Facebook deve agir para impedir o mau uso de suas plataformas.

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Por enquanto, Zuckerberg não estabeleceu um prazo para que essa nova visão comece a ser implementada. Em seu comunicado, o CEO do Facebook definiu que suas ideias começarão a ser implementadas ao longo dos próximos anos.