Uma reportagem da Reuters revela que trabalhadores contratados do Facebook estão utilizando posts privados a rede social homônima e do Instagram para ensinar o seu sistema de Inteligência Artificial. Segundo a agência de notícias, uma empresa indiana tercerizada é a responsável por examinar posts privados ou compartilhados com apenas um número restrito de amigos e que nesse monitoramento, às vezes, aparecem nomes de usuários e outras informações confidenciais. 

Como muitas empresas de tecnologia, o Facebook usa aprendizado de máquina e inteligência artificial para classificar conteúdo em suas plataformas. Isso inclui ensinar sobre recomendações no recurso de compras do Marketplace da empresa; descrever fotos e vídeos para usuários com deficiência visual e classificar posts para que certos anúncios não apareçam ao lado de conteúdo político ou adulto.

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Mas, para fazer isso, o software precisa ser treinado. A Reuters explica que o treinamento fica a cargo da empresa terceirizada indiana WiPro, que emprega até 260 funcionários para anotar as informações de acordo com cinco categorias. Estes incluem o conteúdo do post (é uma selfie, por exemplo, ou uma foto de comida); a ocasião (é para um aniversário ou um casamento) e a intenção do autor (eles estão fazendo uma piada, tentando inspirar os outros ou organizando uma festa).

O Facebook diz que tem 200 projetos de etiquetagem de conteúdo em todo o mundo, empregando milhares de pessoas no total. “É uma parte essencial da qual você precisa”, disse à Reuters Nipun Mathur, diretor de gerenciamento de produtos de IA . “Eu não vejo a necessidade acabar”. 

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Esse trabalho tornou-se mais comum do que as pessoas imaginam. Na China, por exemplo, grandes escritórios rotulam imagens de carros autônomos para treiná-los a identificar pessoas e objetos. Assim como o sistema CAPTCHA do Google, que pede para você identificar objetos em imagens para “provar” que é humano, ele também é utilizado para treinar a IA da companhia. 

E, embora possamos concordar que o trabalho é necessário, a segurança dessas informações privadas ainda é uma preocupação. Principalmente no caso de empresas tercerizadas, por elas terem padrões mais baixos de segurança e privacidade do que as grandes companhias de tecnologia.

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Inclusive, notícias recentes mostraram que a Amazon deixa funcionários escutarem conversas privadas do usuário com a Alexa, para que eles possam anotar os dados, erros e acertos e melhorar a assistente pessoal, que também é movida a machine learning e inteligência artifcial. 

O Facebook diz que suas equipes legais e de privacidade aprovam todos os esforços de rotulagem de dados e busca “garantir que as regras de privacidade estejam sendo seguidas e os parâmetros estabelecidos funcionem como esperado”. 

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No entanto, a rede social ainda pode estar infringindo os recentes regras da GDPR (o conjunto de leis que rege a proteção de dados e privacidade da União Europeia), que estabelecem limites rígidos sobre como as empresas podem coletar e usar informações pessoais. 

Via: The Verge