Maior evento de Tecnologia do mundo, a 52ª edição da CES (Consumer Eletronic Show) começa no próximo dia 8 de janeiro, em Las Vegas. E, como sempre, o evento pretende mostrar ao público o maior número de inovações possível, bem como apontar os caminhos que a indústria pretende seguir nos próximos anos.

A expectativa é que a feira apresente versões mas rápidas e aperfeiçoadas dos produtos mostrados nas edições anteriores, com foco em inteligência artificial, machine learning, serviços na nuvem e aparelhos smart.

Ainda assim, há diversas perguntas que as empresas do setor precisam responder e que vão impactar a vida do consumidor de forma imediata. Pensando nisso, o CNet fez 13 questionamentos interessantes sobre o que realmente importa na CES 2019. Confira quais são eles logo abaixo:

1. Como o 5G vai mudar o cenário da tecnologia?
A próxima geração de transmissão de dados sem fio promete ser a chave para uma revolução tecnológica em 2019. Mas quantos dispositivos compatíveis com o 5G nós veremos este ano e quão disruptivos eles realmente serão?

publicidade

Enquanto a maioria das empresas vai segurar os lançamentos de smartphones para fevereiro na Mobile Word Congress, em Barcelona, a expectativa é que companhias chinesas como a Huawei usem os holofotes da CES para impressionar o mercado ocidental. Ao mesmo tempo, gigantes como Qualcomm, Nvidia e Intel provavelmente irão anunciar seus chipsets 5G, enquanto operadoras como Verizon e AT&T levarão o 5G para palestras e paines de discussão ao longo de toda a semana.

2. A Intel está pronta para se defender dos ataques da Qualcomm, AMD e ARM?
A Intel ocupa uma posição contraditória: continua a ganhar bilhões com CPUs, mesmo que o mercado global de computadores esteja estagnado; ao mesmo tempo, a empresa ainda não entregou a promessa do chip de dez nanômetros – chamado de Sunny Code – que, supostamente, sairá do papel em 2019.

Enquanto Intel trava, a concorrência ataca. Qualcomm e Apple começam a oferecer chips de sete nanômetros para PCs e iPhones, respectivamente, e até a Amazon está desenvolvendo seu próprio chip baseado no processador ARM. Com Qualcomm e AMD planejando consolidar seus produtos com a ajuda da CES deste ano, Intel precisa provar para o mercado da tecnologia como pretende conduzir os negócios de 2019 para frente e provar que não está estagnada. E só apresentar um bom drone não será suficiente. A empresa precisa decidir ainda o que vai fazer sem Brian Krzanich, CEO de longa data da companhia, que renunciou ao posto depois de um escândalo na metade de 2018.

3. A revolução tecnológica na saúde já está disponível para uso?
Produtos voltados para uma vida saudável e fitness têm crescido na CES nos últimos anos, mas espera-se um verdadeiro dilúvio na edição de 2019. Gigantes como Apple e Fitbit dominaram as manchetes de health-tech no ano passado, mas o monitoramento da atividade cardíaca promete ser só o começo.

Pequenas startups apostam em diversidade, desde monitores em roupas e acessórios para medir a pressão sanguínea até smartwatches movidos pelo calor do corpo. E um dos principais desafios buscados pelas empresas americanas é passar pelo crivo da agência nacional de regulação de medicamentos, a FDA.

4. O que o Google vai mostrar?
Ano passado, o Google tinha uma grande e chamativa instalação no estacionamento da CES e em 2019 a empresa tem um espaço maior, em uma área muito mais movimentada. Aumentam as expectativas por uma participação ainda mais impactante e com novidades que podem se tornar os maiores anúncios da CES 2019.

5. E Amazon, Microsoft, Facebook e outras grandes empresas de tecnologia?
Nenhuma das gigantes da área terá uma presença física tão grande quanto a Google, o que não significa que elas não estarão na CES.

Vários tentáculos do império Amazon terão pequenas apresentações, além de Microsoft e Facebook contarem com diversos espaços de convivencia. Apple e Netflix, por outro lado, não tem espaço reservado na feira, mas nada impede que também se organizem para promover reuniões.

Além disso, todas as empresas pretendem usar a CES para anunciar metas e abordar as novidades de produtos e serviços como Alexa (Amazon), Windows/Azure/Skype (Microsoft), Instagram/WhatsApp/Oculus (Facebook), Siri/HomeKit (Apple) e o serviço de streaming da Netflix.

6. Algum serviço de vídeo conseguirá bater (ou ao menos incomodar) a Netflix?
Falando sobre a Netflix: a gigante do streaming de vídeo passou incólume pelas controvérsias de 2018, mas 2019 parece ser o ano mais desafiador de todos os tempos, com a concorrência emergindo de todos os cantos. Disney (que em breve incluirá o acervo da Fox), a Warner (agora pertencente ao conglomerado AT&T),Apple… todas têm serviços de streaming previstos para serem lançados neste ano e que prometem atrair a atenção do consumidor.

Além de novos conteúdos ainda não vistos, como uma versão de Star Wars para TV, isso também significa que a concorrência provavelmente também tentará recuperar o popular conteúdo de catálogo  como Friends (que pertence à Warner, mas hoje está na Netflix) e The Office (uma propriedade da Comcast, hoje exibido na Amazon Prime), tornando as séries e shows exclusivos da Netflix mais importantes do que nunca.

7. Segurança e privacidade: a indústria tem um plano ou está desistindo?

Do fiasco do Cambridge Analytica do Facebook à violação do Marriott, que afetou cerca de meio bilhão de pessoas, 2018 foi um ano brutal em termos de privacidade e segurança digital. A CES não é uma conferência de segurança em si, mas o show está repleto de dispositivos que contam com conectividade onipresente, microfones sempre ativos e câmeras que reconhecem rostos – para citar apenas alguns produtos.

A indústria é ótima em fazer com que esses dispositivos e serviços sejam produtos obrigatórios em dezenas de milhões de lares – mas, na verdade,alguma delas está fazendo alguma coisa para proteger esse volume de dados que está se cumulando? Embora os usuários pareçam dar sinais de resignação a cada violação, é difícil acreditar que não haja um caminho melhor além do que “aqui está um ano grátis de monitoramento de crédito”, especialmente em um mundo pós-GDPR.

8. É possível esperar inovações em realidade virtual para o Oculus Quest?
Anunciado em setembro e previsto para ser lançado no primeiro semestre 2019, o Oculus Quest é um dispositivo de Realidade Virtual totalmente sem fio, que dispensa sensores externos e inclui controles manuais – tudo por US$ 400. A Quest não é esperada na CES, mas já é considerada a referência-mor para qualquer coisa que envolva VR em 2019.

Especialistas estarão especialmente atentos à conferência de imprensa da HTC na CES para ver se a linha Vive da empresa tem algo de valor, embora seja provável que seja somente uma plataforma VR conectada ao PC.

9. Até onde podem ir as tecnologias OLED e MicroLED TV a partir de agora?
O padrão OLED da LG tem sido dominante há muito tempo quando falamos de tecnologias de telas para TV. Mas o MicroLED – que a Samsung apresentou na edição 2018 da CES – é o mais adversário mais desafiador e que pode destronar o que foi oferecido pela indústria nos últimos tempos. Além disso, sem preços mais acessíveis e uma resposta definitiva às possibilidades de burn-in – sua única desvantagem real – o OLED parece ter atingido o pico em termos de perspectiva tecnológica.

No entanto, o MicroLED não será um concorrente real até que a Samsung (ou outra fabricante) possa descobrir como miniaturizá-la para tamanhos de tela que funcionem em uma sala de estar comum. Logo, espera-se mais do mesmo, junto com melhorias incrementais nas tecnologias de LCD e LED, padrões que ainda compõem a grande maioria das vendas de televisores.

10. O 8K já tem importância suficiente para o público se importar com ele? 
Outra atração na CES serão as televisões em 8K, que devem estar em diversos estandes. Com uma resolução de 7.680 x 420 pixels, essas TVs de próxima geração têm quatro vezes mais detalhes que as 4K. Mas com os preços estratosféricos e nenhum conteúdo nativo de 8K no horizonte (talvez o 5G possa consertar isso?), o desafio para este padrão parece ser menos sobre tecnologia e mais sobre marketing.

11. Alexa e o Google Assistente conseguirão coexistir em paz?
A Alexa, da Amazon, ainda é a melhor assistente do mundo, mas o Google Assistant está ganhando força – mesmo com concorrentes como a Siri, da Apple, o Bixby da Samsung, a Cortana, da Microsoft, tentando conquistar seu próprio espaço em um mundo futuro controlado pela voz.

Com a Amazon e o Google tentando bloquear um ao outro, ainda não se sabe quais produtos de 2019 podem permanecer “neutros” – oferecendo compatibilidade com duas ou mais plataformas e permitindo que o usuário decida – e qual pode se curvar às demandas dos dois maiores sistemas operacionais domésticos.

12. Existe um Plano B caso as tarifas e as guerras comerciais entre China e EUA continuem?
O CES é uma feira internacional, que recebe mais de 180.000 participantes: quase um terço deles, estrangeiros. Ainda assim, a moderna indústria de eletrônicos de consumo foi construída com base na suposição de que sua cadeia de suprimentos baseada na China se manteria sempre com um fluxo interminável de aparelhos baratos produzidos para audiências globais, todos habilitados por um sistema de comércio global, sem competição. No entanto, à medida que as guerras comerciais de Trump se arrastam para 2019, é cada vez menos seguro afirmar que o mercado se manterá estável.

Nada disso costuma ser mencionado em coletivas de imprensa, mas, nos bastidores, cartas de intenção e acordos à portas fechadas sempre acontecem entre fornecedores e clientes. E na CES 2019, esses arranjos devem acontecer sob a nuvem escura de incerteza que atualmente paira sobre as relações comerciais entre Washington e Pequim.

13. Quantas pequenas maravilhas são necessárias para substituir uma grande inovação revolucionária?
A Consumer Technology Association – o grupo comercial que promove a CES – gosta de divulgar anualmente a longa lista de tecnologias revolucionárias que foram apresentadas ao mundo pela primeira vez (ou pelo menos exibidas) e que usaram o evento como palanque: entre elas, estão o videocassete, o CD, o DVR e o Xbox, só para citar alguns.

Mas, nos últimos anos, a CES tem estado cada vez menos preocupada com empresas gigantescas que fazem grandes lançamentos de produtos e mais com fornecedores menores, aproveitando os holofotes globais para dar destaque a eles e as tecnologias apresentadas, com potencial para criar novos mercado. Agora, é esperar para ver se as gigantes do setor ainda consideram a CES um evento atraente o suficiente para fazer com que suas novidades ganhem os corações e mentes do maior número possível de consumidores.  

Fonte: CNet